31 de jan. de 2012
Mente: Uma questão de treino
Os mestres da meditação budista sabem o quão flexível e maleável é a mente. Se a treinamos, tudo é possível. Na verdade, já somos perfeitamente treinados pelo samsara e para ele: treinados para ficar ciumentos, treinados para o apego, treinados para ser ansiosos e tristes e desesperados e ávidos, treinados para reagir com raiva ao que quer que nos provoque.
Somos treinados, de fato, até o ponto dessas emoções negativas surgirem de modo espontâneo, sem que tentemos produzi-las. Assim, tudo é uma questão de treino e do poder do hábito. Dedique a mente à confusão e logo veremos -- se formos honestos -- que ela se tornará uma mestra sinistra na confusão, competente no seu vício, sutil e perversamente dócil em sua escravidão.
Dedique a mente na meditação à tarefa de libertá-la da ilusão e veremos que com tempo, paciência, disciplina e o treinamento adequado, ela começará a desembaraçar-se e a conhecer sua bem-aventurança e claridade essenciais.
Sogyal Rinpoche
"O Livro Tibetano do Viver e do Morrer"
26 de jan. de 2012
Vida- Morte
Vida-morte é de suprema importância.
Tempo rapidamente se esvai e oportunidade se perde.
Cada um de nós deve esforçar-se por despertar.
Cuidado! Não desperdice esta vida!
Verso do han ('sino' de madeira), recitado no final do dia pela escola Soto Zen.
Tempo rapidamente se esvai e oportunidade se perde.
Cada um de nós deve esforçar-se por despertar.
Cuidado! Não desperdice esta vida!
Verso do han ('sino' de madeira), recitado no final do dia pela escola Soto Zen.
Documentário Shorinji Kempo
24 de jan. de 2012
22 de jan. de 2012
15 de jan. de 2012
Chudan no Kamae: Sensei Yoshio Sugino (1904-1998)
14 de jan. de 2012
O ZEN
A língua é o órgão menos adequado para expressar o significado do Zen. A barriga talvez seja mais apropriada. Alguns povos orientais, quando visitados pela primeira vez por um grupo de cientistas dos E.U.A. e sabendo que os norte-americanos pensavam com a cabeça, puseram-se logo a achar que eles eram loucos. E se explicaram: "É que nós, orientais, pensamos com o abdômen". As pessoas na China e no Japão, quando notam que alguém está com algum problema difícil, costumam dizer: "Pergunte à sua barriga, ela sabe a resposta".
Zen não escapa desta regra. Tentar compreender o Zen-Budismo intelectualmente é perder para sempre o seu significado. O intelecto serve a vários propósitos na vida diária, não há dúvida de que se trata de uma coisa utilíssima. Mas não resolve o problema crucial com que todos nós, cedo ou tarde, esbarramos em nossas vidas: o problema da vida e da morte, que diz respeito ao verdadeiro sentido da vida. Quem sou eu? Onde estão meu principio e fim no tempo e no espaço? Onde estava eu antes que meus pais nascerem? Para onde que vou depois que morrer?
Quando enfrentamos esse problema, o intelecto precisa confessar sua incapacidade de lidar com ele. O beco sem saída a que somos conduzidos não pode ser ultrapassado por uma manobra intelectual ou por um artifício da lógica. É necessária a totalidade do nosso ser. E é neste momento que o Zen surge como uma possibilidade, um caminho em direção á resposta do problema.
Portanto, tentar conhecer o Buddhismo Zen com o objetivo de ampliar nossa cultura geral é uma tolice semelhante a pedir a alguém que beba água em nosso lugar e esperar que a sede passe: o que nos descrevam o gosto de uma fruta ou a temperatura da água. Tudo isso depende da experiência pessoal, direta.
O Zen-Buddhismo é místico? Essa pergunta é muito frequente, quando as pessoas ouvem falar do assunto pela primeira vez. O Misticismo é um ponto crucial, que faz com que os ocidentais falhem todas as vezes que tentam compreender a mente oriental. Por que o misticismo desafia a analise lógica, e esta é a característica fundamental do pensamento ocidental. O conceito ocidental de místico está sempre ligado ao fantástico, ao irracional, ao oculto. No oriente, misticismo não se refere a nada que não possa ser trazido para dentro da compreensão intelectual. Portanto, o Zen-Buddhismo é místico na medida em que o Sol brilha todas as manhãs, a lua surge todas as noites, e as flores deixam seu perfume na manga da nossa camisa, quando as tocamos de perto. Se isso é misticismo, então o Zen-Buddhismo é profundamente místico.
O Zen-Buddhismo é um sistema filosófico, intelectual? Não. O Zen-Buddhismo não é fundado na lógica ou na análise, é o contrário da lógica e do modo dualístico(bom, mau - bonito, feio - vida, morte...) de pensar. Não existem no Zen, livros sagrados, dogmas ou quaisquer fórmulas através das quais se possa chegar ao seu significado. E o que o Zen-Buddhismo ensina? Nada. O Zen aponta o caminho, o resto é por nossa conta.
Zen é caótico, uma virtual negação de tudo, pelo menos se o virmos com a ótica racionalista da mente ocidental. Mas, por trás desta sucessão de negativas, o Zen-Buddhismo sustenta algo absolutamente positivo e eternamente afirmativo. Zen-Buddhismo é um estilo de vida e se propõe, por métodos práticos e diretos, a disciplinar a mente por si mesma, fazendo-a mergulhar em sua própria natureza. É um exercício que consiste em abrir o olho mental dos seus praticantes para que eles despertem do sono profundo da ignorância e vejam de perto a própria razão da existência. Só assim poderão contemplar o grande mistério que é representado diariamente.
O que é Mente? É a verdadeira natureza de todos os seres, aquilo que existia antes que nossos pais tivessem nascido e antes do nosso próprio nascimento e que existe agora, imutável e eterna. Quando nascemos ela não é criada, e quando morremos ela não é destruída. Não tem nenhum tipo de distinção, nenhuma conotação de bom ou ruim. Não pode ser comparada a nada, e a chamamos Natureza de Buda. Muitos pensamentos surgem dela, como as ondas do oceano e as imagens num espelho. Quem deseja conhecer a própria mente deve, antes de tudo, olhar a própria fonte da qual surgem os pensamentos. O que é chamado Zazen não é mais do que olhar a natureza da mente. Aquele que conhece a própria mente é um Buda e livra-se para sempre dos sofrimentos que surgem da ignorância.
Extraido de:
Este ensaio sobre o Zen-Buddhismo, com final do jornalista Marco Antônio Lacerda é baseado em 3 Obras sobre o assunto:
"Zen Buddhism and Psychoanalysis,
Essays in Zen Buddhism e Misticism;
Christian and Buddhist"
todos de autoria de D.T. Suzuki
12 de jan. de 2012
Humor marcial! (O riso é o maior dos mantras!)
11 de jan. de 2012
Agarrar a oportunidade!
Esta é a história da briga do operário com o judoca. O judoca aplicou-lhe uma gravata. Por esse waza, num combate oficial, o operário teria sido vencido. Na realidade da vida, porém, o operário agarrou e torceu os testículos do judoca, que urrou de dor. E, no mesmo instante, conquistou a supremacia do combate. Em conclusão, podemos dizer que, no terreno esportivo, a técnica (waza) e a atividade (ki) são muito importantes, ao passo que, no verdadeiro budo, a arte da defesa pessoal e a ação passiva do "agarrar' (agarrar o momento) são os elementos essenciais.
(Taisen Deshimaru - Roshi)
10 de jan. de 2012
Mergulho em si mesmo (Mahatma Gandhi)
Temos medo de estarmos conosco, mergulharmos em nosso interior. O silêncio e sua prática nos leva a esta possibilidade de encontro profundo e revitalizador. Com o silêncio, encontramos a paz e o amor incondicional
Vem com toda a força transformadora. "O amor é a força mais sutil do mundo.O mundo está farto de ódio". É é este ódio irracional e distante da força criadora que destrói,corrompe e ensurdece a humanidade.
Pare! Recomece! Reprograme-se... O silêncio pode ser o ponto chave desta nova caminhada. Pratique-o diariamente e transforme um pouco nosso mundo. Ouça-se.
"Temos de nos tornar a mudança que queremos ver no mundo. Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim."
Pratique diariamente o silêncio da paz. Respire profundamente algumas vezes. Inspire e sopre lentamente até ir relaxando e mergulhando dentro de si mesmo. Feche os olhos e silencie seus medos, preocupações e ansiedades diárias, por alguns momentos. Dê a chance à sua paz e a paz do mundo.
"Faça a sua parte, se doe sem medo. O que importa mesmo é o que você é...
Mesmo que outras pessoas não se importem. Atitudes simples podem melhorar sua vida."
Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada,não existirão resultados. Espalhe esta ideia.
Transforme o mundo, a partir de você.
"Seja a mudança que você deseja para o mundo".
8 de jan. de 2012
Seigo Yamaguchi Sensei
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6 de jan. de 2012
Takenouchi Ryu (Antiga escola de Bujutsu do Japão)
General e o Monge (Conto Zen)
Durante as guerras civis no Japão feudal, um exército invasor poderia facilmente dizimar uma cidade e tomar controle. Numa vila, todos fugiram apavorados ao correr a notícia de que um general famoso por sua fúria e crueldade estava se aproximando - todos exceto um mestre zen, que vivia afastado.
Quando chegou à vila, seus batedores disseram que ninguém mais estava lá, além do monge. O general foi então ao templo, curioso em saber quem era tal homem. Quando chegou, o monge não o recebeu com a normal submissão e terror com que ele estava acostumado a ser tratado por todos; isso levou o general à fúria.
"Seu tolo!!" ele gritou enquanto desembainhava a espada, "não percebe que você está diante de um homem que pode trucidá-lo num piscar de olhos?!?"
Mas o mestre permaneceu completamente tranquilo.
"E você é capaz de perceber," o mestre replicou calmamente, "que está diante de um homem que pode ser trucidado num piscar de olhos?"
Ao sofrer o impacto do significado destas palavras, a mente do general tornou-se esclarecida. Ele ajoelhou-se em frente ao mestre, depositou sua espada no chão e lhe fez profunda reverência.
5 de jan. de 2012
Nem toda batalha se desenvolve no campo!
Nem toda preparação se dá no local de treinamento!
No palco da vida e dos relacionamentos, sem deduções precipitadas, é onde as verdadeiras batalhas e conquistas acontecem!
A alma e as habilidades de um verdadeiro Samurai talvez não se demontre pelas suas ações, mas muito por seu silêncio!
As mais belas flores são observadas em seu silêncio
4 de jan. de 2012
Fukanzazengi - "Regras Gerais para a Prática da Meditação Zazen" - Eihei Dogen
Fukanzazengi
"Regras Gerais para a Prática da Meditação Zazen"
Eihei Dogen
Este texto foi escrito pelo mestre Eihei Dogen (séc.XIII), fundador de escola Soto Zen. Me foi enviado pelo Lama Padma Samten, coordenador do Centro de Estudos Bodisatva, do Rio Grande do Sul.
É um dos textos feitos pelo grande mestre Zen, e se direciona para a técnica do Zazen (Meditar Sentado), elemento fundamental dentro da prática Zen Buddhista. Os comentários entre chaves e em negrito são de minha autoria.
Tam Huyen Van
****************
Agora que localizamos a fonte do caminho, descobrimos que é universal e absoluta. E desnecessário distinguir entre "prática" e "iluminação". O supremo ensinamento é livre, assim, por que estudar os meios de chegar a ele? O caminho é muito diferente do engano. Por que, então, estar preocupado em eliminar este último?
O caminho está completamente presente onde você está, assim, qual a utilidade da prática ou iluminação? Entretanto, se de início houver a menor distância entre você e o caminho, o resultado será uma separação maior do que a existente entre o céu e a terra. Se o menor pensamento dualístico surgir, você perderá sua mente-Buda. Por exemplo, alguns são orgulhosos de sua compreensão, e pensam que estão ricamente dotados da sabedoria de Buda. Imaginam que atingiram o caminho, iluminaram suas mentes e ganharam o poder de tocar os céus. Imaginam que movimentam-se no reino da iluminação. Mas, de fato, quase que afastaram-se por inteiro do caminho absoluto, que esta além da própria iluminação.
É importante lembrar que mesmo o Buda Shakyamuni teve que praticar zazen durante seis anos. Também se diz que Bodhidarma praticou zazen durante nove anos no templo de Shao-Lin, para habilitar-se a transmitir a mente-Buda. Sendo estes sábios antigos tão diligentes, por que razão os buscadores de hoje chegariam ao mesmo sem a prática de zazen? Vocês deveriam interromper a busca de palavra e letras aprender a introspectar-se e refletir por si mesmos. Quando vocês praticarem isto seu corpo e mente irão naturalmente perder nitidez e sua natureza original de Buda virá a manifestar-se. Se vocês desejam atingir a sabedoria de Buda, deveriam começar imediatamente a praticar.
Na prática de zazen e desejável uma sala quieta. Vocês devem ser capazes de moderação na comida e bebida, afastando-se de todas as relações ilusórias. Despreocupando-se das coisas em redor, evitem pensar baseados em bom-e-mau ou certo-e-errado. Assim, tendo interrompido as várias funções de suas mentes, abandonem mesmo a idéia de tornarem-se Budas. Isto vale não apenas durante o zazen mas para todas as suas ações diárias.
Usualmente um tapete grosso e quadrado é colocado no chão onde você senta numa almofada redonda sobre ele. Você pode sentar em postura de lótus ou meio-lótus.Em lótus, inicialmente coloque o pé direito sobre a perna esquerda e após, o pé esquerdo sobre a perna direita. Em meio-lótus, ponha o pé esquerdo sobre a perna direita. As roupas devem ser amplas mas aprumadas. A seguir coloque a mão direita sobre o pé esquerdo e a mão esquerda espalmada sobre a palma da mão direita, com as ponta dos polegares tocando-se levemente. Sente ereto, sem inclinar-se quer para a direita ou para a esquerda, para frente ou para trás. As orelhas devem estar no mesmo plano que os ombros, e o nariz na mesma linha que o umbigo. A língua deve ser colocada contra o céu da boca e os lábios e dentes firmemente cerrados. Com os olhos permanentemente abertos, respire suavemente pelas narinas. Finalmente, tendo regulado o corpo e mente desta maneira, inspire profundamente, balance o corpo para a esquerda e para a direita, e então sente-se firmemente como uma rocha. Pense sem pensar. Como é isto feito? Pensando além de pensar e não-pensar. Isto é a verdadeira base do zazen. Zazen não é "uma meditação passo a passo". Em lugar disto, é simplesmente a prática fácil e agradável de um Buda, a vivência da sabedoria de um Buda. A verdade aparece, não resta qualquer ilusão. Se compreender isto estará completamente livre, como um dragão na água ou um tigre que repousa na montanha. A lei suprema então soergueu de si mesma, e você está livre dos aborrecimentos e confusão. Ao concluir zazen, mova seu corpo lentamente e calmamente ponha-se de pé. Não se mova violentamente.
Por meio do zazen é possível transcender a diferença entre "mundano" e "sagrado" e chegar à habilidade de morrer durante o zazen ou enquanto em pé. Para nossa mentes discriminativas é impossível entender como os Budas e Patriarcas, por meio de um dedo, vara, agulha ou martelo de madeira expressaram a essência do Zen seus discípulos, e como eles transmitiram a iluminação com um "hossu", punho, bastão ou grito. Nem pode isto ser entendido por meio de poderes supra-naturais a de uma visão dualística de prática e iluminação. Zazen é uma prática que está além dos mundos subjetivo e objetivo, além do pensamento discriminativo. Portanto nenhuma distância pode ser feita entre os inteligentes e os estúpidos. Praticar caminho com o coração uno é, em si mesmo, iluminação. Nenhuma separação existe entre prática e iluminação ou zazen e vida diária.
Os Budas e Patriarcas, tanto aqui como na Índia e na China, todos preservaram mente-Buda e enfatizaram o treinamento Zen. Vocês deveriam portanto, devotar-se exclusivamente e absorverem-se totalmente na prática de zazen. Ainda que se diga que muitos são os meios de entender o Budismo, vocês deveriam praticar apenas zazen. Não há qualquer razão para abandonarem o lugar onde sentam e fazer viagens fúteis a outros países. Se o primeiro passo é equivocado, imediatamente tropeçam.
Vocês tiveram a boa fortuna de nascer com um precioso corpo humano, não desperdicem seu tempo. Agora que sabem o que é o mais importante no Budismo, como podem satisfazer-se com o mundo transitório? Seus corpos são como gotas de orvalho sobre a grama, e suas vidas são como o brilho de uma faísca atmosférica, desaparecendo em um momento.
Quem pratica o Zen não se surpreende com um dragão real, nem usam tempo apalpando uma única parte de um elefante [Aqui o mestre fala de um Koan famoso, que versa sobre três cegos apalpando um elefante]. Ande no caminho que aponta diretamente para a natureza original de Buda. Respeite aqueles que atingiram a compreensão e nada mais têm a fazer. Torne-se um com a sabedoria dos Budas e tenha sucesso em atingir a iluminação dos Patriarcas. Se praticar zazen algum tempo, chegará a isto. A casa do tesouro então se abrirá por si, e você será capaz de a usufruir segundo sua disposição.
"Regras Gerais para a Prática da Meditação Zazen"
Eihei Dogen
Este texto foi escrito pelo mestre Eihei Dogen (séc.XIII), fundador de escola Soto Zen. Me foi enviado pelo Lama Padma Samten, coordenador do Centro de Estudos Bodisatva, do Rio Grande do Sul.
É um dos textos feitos pelo grande mestre Zen, e se direciona para a técnica do Zazen (Meditar Sentado), elemento fundamental dentro da prática Zen Buddhista. Os comentários entre chaves e em negrito são de minha autoria.
Tam Huyen Van
****************
Agora que localizamos a fonte do caminho, descobrimos que é universal e absoluta. E desnecessário distinguir entre "prática" e "iluminação". O supremo ensinamento é livre, assim, por que estudar os meios de chegar a ele? O caminho é muito diferente do engano. Por que, então, estar preocupado em eliminar este último?
O caminho está completamente presente onde você está, assim, qual a utilidade da prática ou iluminação? Entretanto, se de início houver a menor distância entre você e o caminho, o resultado será uma separação maior do que a existente entre o céu e a terra. Se o menor pensamento dualístico surgir, você perderá sua mente-Buda. Por exemplo, alguns são orgulhosos de sua compreensão, e pensam que estão ricamente dotados da sabedoria de Buda. Imaginam que atingiram o caminho, iluminaram suas mentes e ganharam o poder de tocar os céus. Imaginam que movimentam-se no reino da iluminação. Mas, de fato, quase que afastaram-se por inteiro do caminho absoluto, que esta além da própria iluminação.
É importante lembrar que mesmo o Buda Shakyamuni teve que praticar zazen durante seis anos. Também se diz que Bodhidarma praticou zazen durante nove anos no templo de Shao-Lin, para habilitar-se a transmitir a mente-Buda. Sendo estes sábios antigos tão diligentes, por que razão os buscadores de hoje chegariam ao mesmo sem a prática de zazen? Vocês deveriam interromper a busca de palavra e letras aprender a introspectar-se e refletir por si mesmos. Quando vocês praticarem isto seu corpo e mente irão naturalmente perder nitidez e sua natureza original de Buda virá a manifestar-se. Se vocês desejam atingir a sabedoria de Buda, deveriam começar imediatamente a praticar.
Na prática de zazen e desejável uma sala quieta. Vocês devem ser capazes de moderação na comida e bebida, afastando-se de todas as relações ilusórias. Despreocupando-se das coisas em redor, evitem pensar baseados em bom-e-mau ou certo-e-errado. Assim, tendo interrompido as várias funções de suas mentes, abandonem mesmo a idéia de tornarem-se Budas. Isto vale não apenas durante o zazen mas para todas as suas ações diárias.
Usualmente um tapete grosso e quadrado é colocado no chão onde você senta numa almofada redonda sobre ele. Você pode sentar em postura de lótus ou meio-lótus.Em lótus, inicialmente coloque o pé direito sobre a perna esquerda e após, o pé esquerdo sobre a perna direita. Em meio-lótus, ponha o pé esquerdo sobre a perna direita. As roupas devem ser amplas mas aprumadas. A seguir coloque a mão direita sobre o pé esquerdo e a mão esquerda espalmada sobre a palma da mão direita, com as ponta dos polegares tocando-se levemente. Sente ereto, sem inclinar-se quer para a direita ou para a esquerda, para frente ou para trás. As orelhas devem estar no mesmo plano que os ombros, e o nariz na mesma linha que o umbigo. A língua deve ser colocada contra o céu da boca e os lábios e dentes firmemente cerrados. Com os olhos permanentemente abertos, respire suavemente pelas narinas. Finalmente, tendo regulado o corpo e mente desta maneira, inspire profundamente, balance o corpo para a esquerda e para a direita, e então sente-se firmemente como uma rocha. Pense sem pensar. Como é isto feito? Pensando além de pensar e não-pensar. Isto é a verdadeira base do zazen. Zazen não é "uma meditação passo a passo". Em lugar disto, é simplesmente a prática fácil e agradável de um Buda, a vivência da sabedoria de um Buda. A verdade aparece, não resta qualquer ilusão. Se compreender isto estará completamente livre, como um dragão na água ou um tigre que repousa na montanha. A lei suprema então soergueu de si mesma, e você está livre dos aborrecimentos e confusão. Ao concluir zazen, mova seu corpo lentamente e calmamente ponha-se de pé. Não se mova violentamente.
Por meio do zazen é possível transcender a diferença entre "mundano" e "sagrado" e chegar à habilidade de morrer durante o zazen ou enquanto em pé. Para nossa mentes discriminativas é impossível entender como os Budas e Patriarcas, por meio de um dedo, vara, agulha ou martelo de madeira expressaram a essência do Zen seus discípulos, e como eles transmitiram a iluminação com um "hossu", punho, bastão ou grito. Nem pode isto ser entendido por meio de poderes supra-naturais a de uma visão dualística de prática e iluminação. Zazen é uma prática que está além dos mundos subjetivo e objetivo, além do pensamento discriminativo. Portanto nenhuma distância pode ser feita entre os inteligentes e os estúpidos. Praticar caminho com o coração uno é, em si mesmo, iluminação. Nenhuma separação existe entre prática e iluminação ou zazen e vida diária.
Os Budas e Patriarcas, tanto aqui como na Índia e na China, todos preservaram mente-Buda e enfatizaram o treinamento Zen. Vocês deveriam portanto, devotar-se exclusivamente e absorverem-se totalmente na prática de zazen. Ainda que se diga que muitos são os meios de entender o Budismo, vocês deveriam praticar apenas zazen. Não há qualquer razão para abandonarem o lugar onde sentam e fazer viagens fúteis a outros países. Se o primeiro passo é equivocado, imediatamente tropeçam.
Vocês tiveram a boa fortuna de nascer com um precioso corpo humano, não desperdicem seu tempo. Agora que sabem o que é o mais importante no Budismo, como podem satisfazer-se com o mundo transitório? Seus corpos são como gotas de orvalho sobre a grama, e suas vidas são como o brilho de uma faísca atmosférica, desaparecendo em um momento.
Quem pratica o Zen não se surpreende com um dragão real, nem usam tempo apalpando uma única parte de um elefante [Aqui o mestre fala de um Koan famoso, que versa sobre três cegos apalpando um elefante]. Ande no caminho que aponta diretamente para a natureza original de Buda. Respeite aqueles que atingiram a compreensão e nada mais têm a fazer. Torne-se um com a sabedoria dos Budas e tenha sucesso em atingir a iluminação dos Patriarcas. Se praticar zazen algum tempo, chegará a isto. A casa do tesouro então se abrirá por si, e você será capaz de a usufruir segundo sua disposição.
2 de jan. de 2012
1 de jan. de 2012
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