14 de jul. de 2012

O Zen é a “consciência cotidiana” - Daisetsu T. Suzuki


"O Zen é a “consciência cotidiana”, de acordo com a expressão de Baso Matsu (morto em 788). Essa “consciência cotidiana” não é outra coisa senão “dormir quando se tem sono e comer quando se tem fome”. Quando refletimos, deliberamos, conceitualizamos, o inconsciente primário se perde e surge o pensamento. Já não comemos quando comemos, nem dormimos quando dormimos. Dispara-se a flecha, mas ela não se dirige diretamente ao alvo e este não está onde devia estar. O cálculo verdadeiro se confunde com o falso. A confusão introduzida no espírito do arqueiro se traduz em todos os sentidos e em todos os domínios.
O homem é definido como um ser pensante, mas suas grandes obras se realizam quando não pensa e não calcula. Devemos reconquistar a ingenuidade infantil, através de muitos anos de exercício na arte de nos esquecermos de nós próprios.
Nesse estágio, o homem pensa sem pensar. Ele pensa como a chuva que cai do céu, como as ondas que se alteiam sobre os oceanos, como as estrelas que iluminam o céu noturno, como a verde folhagem que brota na paz do frescor primaveril. Na verdade, ele é as ondas, o oceano, as estrelas, as folhas.
Uma vez que o homem alcance esse estado de evolução espiritual, ele se torna um artista Zen da vida."

Pequeno trecho da Introdução escrito por Daisetsu Teitaro Suzuki do livro "A Arte Cavaleiresca do Arqueiro Zen - de Eugen Herrigel.

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